Formando para o espetáculo
texto de ROSELY SAYÃO
Folha de S.Paulo -
25/10/2011
Muitos alunos e seus familiares estão,
nesta época, ansiosos para que uma data considerada importante para eles chegue
logo: aformatura.
Quem teve a oportunidade de participar de uma deve lembrar-se de como
ela acontecia. Em geral, o processo todo dividia-se em duas partes: a acadêmica
e a festiva.
Na parte acadêmica, o ritual comunicava à sociedade que os formandos
tinham vencido mais uma etapa da vida escolar e, portanto, da sua relação com o
conhecimento sistematizado. O ritual era bem curioso: alunos vestiam uniforme
ou beca e, um a um, recebiam o diploma e os aplausos de professores, familiares
e amigos.
Na parte festiva, o que acontecia era uma celebração social dessa
conquista dos estudantes. As estratégias para isso acontecer eram várias: baile
de gala, coquetel, jantar etc. ou uma combinação dessas formas. O objetivo,
entretanto, era sempre o mesmo: comemorar a conclusão de uma jornada escolar.
Pois bem, caro leitor, agora imagine tal cena hoje: uma escola, seus
estudantes sentados enfileirados de frente para uma plateia de convidados
agitados, professores e diretores compondo uma mesa, discurso do orador etc.
Mais tarde, uma festa - quem sabe um baile a rigor? - com direito a vestidos
longos, terno e gravata etc. Será que há chance ainda de tudo isso acontecer?
Acontece. Mas com quais alunos? Com os que terminam sua graduação, por
exemplo? É, porque os que terminam o ensino médio querem mais é viajar ou então
estão ocupados demais com o exame vestibular, não é verdade? Algumas turmas
universitárias comemoram, sim, a conclusão do curso que fizeram com o maior
esforço. Mas os alunos a quem eu me referia são outros.
São crianças com cinco, seis anos que terminam a fase da educação
infantil e vão iniciar no próximo ano o ensino fundamental. Sim, é isso mesmo.
Mas, o que é formatura mesmo? Vamos
relembrar.